A Vitivinicultura na China, sob uma perspectiva 2D: Decepção ou Desafio?

No mês passado, a Associação Brasileira de Sommeliers – RJ organizou uma viagem técnico-cultural à China, para que pudéssemos conhecer a vitivinicultura chinesa.         


Fonte: Euclides Penedo Borges

Visitamos as regiões mais importantes e vinícolas de maior destaque no mundo do vinho chinês, o que nos deu a ideia do desenvolvimento tecnológico, investimentos neste setor e seus grandes desafios.
 Primeiramente, o vinho na China se chama Putao jiu , que significa destilado de álcool, o que não quer dizer que seja só vinho de uva, mas também de caqui, maçã e outras frutas.
Encontramos vinhos de todas as espécies, e, até um passado recente, os chineses incorporavam sucos, corantes e cereais fermentados ao vinho. O conceito de vinho, como fermentado de uva era mal entendido por eles.
A partir da década de 90, após a revolução, os chineses investiram no cultivo e plantio de uvas vitiviníferas e, principalmente, de 1980 em diante, a China iniciou alguns joint-ventures com empresas estrangeiras, principalmente, francesas que começaram a investir no país, trazendo tecnologia e o Know-how na vitivinicultura. 
Nesta época, várias empresas como a LVMH(Louis Vuitton Moët Hennessy) DBR (Domaines Baron de Rothschild), Miguel Torres da Espanha começaram a construir seus châteaux na China. E com isto se inicia o boom de consumo por todo o país, impulsionando não só o consumo do vinho local como também as importações de vinhos, de outros países.  

Com o enriquecimento da classe média, os magnatas, começaram a importar vinhos para consumo e, ficaram, praticamente, obcecados pelos vinhos franceses da região de Bordeaux . Assim, logo, começaram a comprar châteaux naquela região e, por outro lado, começaram, juntamente com o governo chinês, a investir no próprio país, construindo châteaux à semelhança daquela região.

Atualmente, o que se vê nas regiões vinícolas da China, são mega castelos(cópia dos de Bordeaux) e construções antigas adaptadas à modernidade, com tecnologia de ponta vindas da Alemanha, França, Itália, Espanha, mas pouca preocupação com a matéria-prima e com os terroirs, resultando num vinho básico e sem expressão, com raras exceções.

As castas mais plantadas são: tintas - cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc, Shiraz, pinot noir – e brancas: chardonnay, sauvignon blanc, riesling, semillon.

A casta considerada autóctone da China é a cabernet gernischt que chegou pelo Château Changyu há mais de 100 anos, sendo uma mistura híbrida da cabernet sauvignon com um DNA da carménère.

A China é o quinto país em área plantada, o sexto país do mundo em volume produzido e, está entre os dez maiores mercados consumidores de vinhos do mundo, apesar do consumo de meio litro per capita/ano.

Observa-se que o consumo de vinho no país está crescendo assustadoramente: 50% de 2000 a 2005 e 70% de 2005 a 2010, a preferência – 90% - é pelo vinho tinto, mas, ainda, não existe a cultura do vinho.  Beber vinho na China é sinônimo de “status” e como produtores vendem toda sua produção, não há muito investimento na qualidade. Nota-se muita quantidade, pouca qualidade e valores altíssimos para o que oferecem.

As grandes empresas que dominam o mercado são: Changyu, Great Wall, Dynasty, Grace, Chandon, Xintian e China Food Limited (Cofco). 

As províncias de maior produção são: Shandong, Jilin, Hebei, Henan e a maior região produtora é Yantai-Penglai, com mais de 140 vínicolas, produzindo 40% do vinho chinês.

Nosso grupo visitou nove vinícolas, a saber:

- Château Bolongbao, na região Sudeste de Beijing, na região de Fáng Shan . A primeira 

vinícola orgânica da China;


- Château Sungod, na região de Huailai, na província de Hebei;

- Château Nubes , na região de Huailai, na província de Hebei;

- Winery Dinasty Ltd, (Sino-franco Joint Venture Dinasty) região de Tianjin;

- Château Changyu, na região de Yantai;

- Château Junding, na região de Penglai, a oeste de Yantai;

- Jade Valley Winery, na região de Xian, na província de Shanxi;

- Silver Heigts , na região de Yinchuan, na província de Ningxia;

- Château Helan Quing Xue, na região de Yinchuan, na província de Ningxia.




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