Vinhos do Alentejo no Rio de Janeiro
Mais uma vez tivemos
uma edição da prova anual dos vinhos do Alentejo, no dia 08.09, no Windsor
Atlântica Hotel, em Copacabana.
O evento contou com 28
produtores que apresentaram seus melhores vinhos, caracterizando bem a
diversidade do Alentejo. O evento foi promovido pela Revista Essência do Vinho
e pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana.
Além da exposição e de
degustações livres, tivemos duas degustações comentadas pelo crítico e
jornalista português Rui Falcão e pelo crítico e jornalista brasileiro
Alexandre Lalas.
A primeira degustação
comentada foi sobre “uvas locais e internacionais, vinhos sem tabus”,
objetivando mostrar, através de vinhos alentejanos, que a região mistura uvas
locais com algumas uvas internacionais que melhor se adaptaram à região e ao
clima do Alentejo e produzem vinhos elegantes, estruturados e complexos.
A segunda degustação
comentada foi sobre o tema “surpreenda-se com os vinhos brancos e rosés do
Alentejo”, onde foi indicado que, além dos ótimos vinhos tintos do Alentejo,
seus brancos e rosés, também, são excelentes.
Participei da primeira
prova comentada, aonde foram apresentados 14 vinhos tintos, de vários
produtores, mostrando, exatamente, a diversidade e complexidade do Alentejo.
O tema da degustação é
a utilização das uvas francesas, sem estresse e sem tabus/preconceitos, como
coração de mãe, uma vez que, hoje, estas castas são consideradas
internacionais.
Em Portugal, segundo
Rui Falcão, a maioria das castas são autóctones e somente 1 a 2% são
internacionais, com exceção do Alentejo, porque por conta da história política
e econômica, a região do Alentejo teve
mais liberdade para escolher e plantar suas castas.
Apesar de Portugal
fazer vinho há mais de 5000 (cinco mil) anos, na região do Alentejo só a partir
de 1974, com a liberdade política do país, começou-se a investir,
verdadeiramente, na produção de vinhos. Os proprietários da maioria das
vinícolas nem são portugueses, mas ingleses, holandeses, brasileiros,
americanos e com isto, eles começaram a ver quais as melhores castas que se
adaptavam à região.
As castas escolhidas foram:
cabernet sauvignon, merlot (atualmente, quase não há mais) syrah,
petit verdot, alicante bouchet (que não é mais considerada francesa pelos
portugueses), trincadeira, aragonês, touriga nacional e touriga franca,
chardonnay, etc... Há, ainda, uma casta chamada gran noir (prima da alicante
bouchet) que pode ser encontrada na região de Portalegre e Reguengos. Normalmente, os vinhos do Alentejo são de corte
(blend) e, poucos, são varietais.
Após este preâmbulo,
começou a degustação. A escolha da ordem não significa que são piores ou
melhores, mas diferentes. Vou
apresentar, abaixo, os vinhos degustados:
1 – Herdade Do Gamito
Tinto 2009 (Herdade do Gamito) – um corte de syrah, alicante bouchet, aragonês
e merlot. É um vinho leve, fresco, pouco corpo, não tem muito açúcar. É um
vinho para o dia-a-dia.
2 – Outeiro São Romão
Reserva Tinto 2011 (Herdade Outeiro São Romão) - um corte de
aragonês, trincadeira, cabernet sauvignon e syrah. É um vinho que passa em
madeira, tem mais corpo, tanino e acidez e aromas de frutas.
3- Herdade do Peso
Colheita Tinto 2012 (Herdade do Peso) -
Este vinho é do Grupo Sogrape no Alentejo – corte de aragonês,
afrocheiro e alicante bouchet. É um vinho fácil de beber, perfeito, com tanino
presente e aromas de café e chocolate.
4 – Pêra-Grave Tinto
2012 (Pêra-Grave) – um corte de cabernet sauvignon, syrah, aragonês e alicante
bouchet. É um vinho bem feito, frutado, com taninos macios, com estrutura e
corpo.
5 – Cortes de Cima
Syrah Tinto 2012 (Cortes de Cima) – vinho varietal. É um vinho bem encorpado,
com bastante estrutura, elegante, muita fruta, especiarias, pimenta e
chocolate. É um ótimo vinho.
6- Adega de Borba Premium Tinto 2011 (Adega
Borba) - É uma cooperativa – corte de trincadeira, aragonês, touriga nacional e
alicante bouc het. É um vinho floral, principalmente, violeta, elegante e
sedutor.
7- Coteis Grande
Escolha Tinto 2011 – corte de trincadeira, touriga nacional e cabernet
sauvignon. Uma curiosidade é a utilização de garrafa borgonhesa, o que indica
um vinho de mais qualidade, sutil e com estrutura. Aromas vegetais, frutas, pimenta e com taninos
presentes.
8 – Santa Vitória
Grande Reserva Tinto 2012 (Casa Santa Vitória) – corte de touriga nacional,
cabernet sauvigon e syrah. É um vinho com muita intensidade, estrutura e mais
complexo. Esta vinícola já ganhou o prêmio (duas vezes) como a melhor vinícola
da Europa.
9 – Tapada de
Coelheiros Tinto 2009 (Herdade de Coelheiros) – um corte de cabernet sauvignon
(50%), aragonês e trincadeira. É um vinho com mais estrutura, mais tanino,
persistência e complexidade.
10 – Dona Maria Touriga
Nacional Petit Verdot Tinto 2011 (Dona Maria – Julio Bastos) - é um corte de touriga nacional e petit
verdot.
Foi Julio Bastos quem
introduziu esta casta Petit Verdot no Alentejo. Esta vinícola é jovem e antiga,
ao mesmo tempo, porque era a Quinta do Carmo que agora é Dona Maria.
É um vinho com muita fruta cozida, com muita
elegância e força, complexo e persistência. É um ótimo vinho.
11 – Ponte das Canas
Tinto 2011 (Herdade do Mouchão). Esta vinícola é a mais antiga do Alentejo e,
agora, está fazendo vinhos complementares e diferentes. Este vinho é uma
revolução total. É um vinho de muita persistência, tanino e estrutura.
12 –Quinta do Mouro
Tinto 2007 (Quinta do Mouro) – Este vinho representa seu proprietário que é um
médico dentista, chamado Miguel Mouro. São vinhos diferentes, arrojados e
inovadores. É um corte de aragonês, cabernet sauvignon e trincadeira. É um vinho fora dos padrões, bem rebelde, com
aromas de frutas, muito tanino e novo apesar da safra 2007.
13 – Escultor Tinto
2010 (Monte do Pintor) – Este vinho só é feito em safras excepcionais e não
todo ano. É um corte de trincadeira, aragonês e petit verdot. É um vinho
elegante, persistente, vegetal, floral, muita estrutura e complexidade. É um
excelente vinho.
14 –J de José de Sousa
Tinto 2011 (Jose Maria da Fonseca) – corte de touriga nacional, touriga franca
e gran noir. É um vinho feito em ânfora de barro e é a terceira vez que o
proprietário produz este vinho. É um vinho com muita persistência, elegante,
com muitas frutas, taninos maduros. É
considerado um vinho de meditação por suas características diferentes.
Todos os vinhos
apresentados foram bons, diversos e complexos, mas os que mais me agradaram
foram: J de José de Sousa Tinto 2011; Escultor Tinto 2010; Dona Maria Touriga
Nacional Petit Verdot Tinto 2011 (Julio Bastos) e Corte de Cima Syrah Tinto
2012.
Não participei da prova
dos brancos e rosés, mas na degustação livre, para mim, os melhores foram: Monte
da Ravasqueira Reserva Branco, safra 2012 e o Monte da Ravasqueira Alvarinho,
safra 2012; o Encruzado do Tiago Cabaço, safra 2013; Adega do Borba, safra 2013;
Cortes de Cima, safra 2013; Monte do
Pintor, safra 2013; Paulo Laureano Reserve, safra 2013; Lenda da Dona
Maria, safra 2013; Dona Maria Safra 2013 e o espetacular Dona
Maria Reserva Amantis, safra 2012. O melhor rosé, na minha opinião, foi o da
Casa Santa Vitória.
O evento foi um
sucesso, daí a superlotação, o que dificultou a chegada às mesas expositoras
para apreciar as maravilhas do Alentejo, mas isto não tirou o brilho do evento.
Que chegue,
logo, a próxima edição!
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