O Vinho no Brasil na Época do Império


Com ascensão de Napoleão Bonaparte na França, o mundo nunca mais foi o mesmo.
Em 1807 Napoleão assinou com a Espanha o tratado de Fontainebleau, pelo qual eles tomariam Portugal e dividiriam seus territórios entre si. Assim a família real portuguesa veio para o Brasil, aportando em Salvador no dia 2 de janeiro de 1808. 

Os costumes locais do Rio de Janeiro logo incorporaram os da realeza recém-chegada. Os vinhos europeus foram incorporados às refeições o que antes não era usual. Com a abertura dos portos promulgada por Dom João, os vinhos vinham de todas as regiões de Portugal, Espanha e França  para o Brasil.
Nesta época tem-se pouco conhecimento sobre o vinho produzido no Brasil. A Coroa Portuguesa importava os vinhos de Portugal, como o do Porto e o da Ilha da Madeira, e da França, em especial, o de Bordeaux e o de Champagne.
Praticamente não se produziu vinho no Brasil durante todo o período colonial. Com exceção de algumas regiões, já que o clima do Brasil não é adequado à viticultura, mas as tentativas que poderiam ter sido feitas foram barradas por que as autoridades coloniais portuguesas queriam garantir um mercado consumidor para seus vinhos. No final do século XVIII, estas restrições foram reforçadas e os produtores portugueses asseguraram o monopólio do fornecimento de vinho no Brasil. A região do Douro, por exemplo, ganhou acesso exclusivo ao promissor mercado do Rio de Janeiro, embora somente vinho de segunda tenha sido enviado para a cidade. A conseqüência desta política foi à elevação do preço do vinho até cinco vezes o que era cobrado em Portugal. No período do Império do Brasil têm-se muitos registros de vinhos importados de Portugal, Espanha e França.
Existem alguns relatos da Princesa Isabel que fala de um vinho produzido na Chácara Califórnia, (Província de São Paulo) - que era um vinho de gosto amargo resinoso, resultante da uva Isabel, trazida dos Estados Unidos entre os anos de 1830 e 1840.
Fato notável, é que diariamente, desde o imperador Dom Pedro II até o mais simples trabalhador do palácio, todos bebiam vinho francês de qualidade mediana a superior durante as refeições.
As disputas sobre política colonial em relação ao vinho foram parte do conflito geral entre políticos locais e Lisboa que mais tarde resultou na independência do Brasil.
Registra-se que no Baile da Ilha Fiscal que marcaria o final da monarquia no Brasil, foram servidos 304 caixas de bebidas, sendo 258 de vinhos e champagnes, num total de 3.096 garrafas, tendo-se como destaque o Porto de 1834 – uma safra preciosíssima – Madeira, Tokay, Château d’Yquem, Château Lafite, Château Leoville, Château Beycheville, Château Pontet-Canet e Margaux e ainda, o italiano Falerno nas versões branco e tinto. Entre os champagnes estavam: Cristal de Louis Rederer, Veuve Cliquot Ponsardin e Heidsieck. Dentre os alemães, destacavam-se o Liebfraumilch e o Johannisberg do Reno.

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