Os primeiros vinhedos no Brasil


As primeiras videiras do Brasil foram trazidas pela expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, em 1532.
Brás de Cuba,  na época com 25 anos e vitivinicultor experiente em sua terra natal - o Porto - a quem Dom João III  outorgou uma sesmaria, em 10 de outubro de 1532,   foi o fundador da cidade de Santos e do primeiro hospital do Brasil, e  trouxe alguns bacelos de videiras e os plantou em São Vicente, onde brotaram as primeiras uvas boas para vinho – isto é, uvas da variedade vitis vinífera. O clima do litoral não favoreceu a viticultura, mas o insucesso não parece ter abalado o pioneiro, que subiu a serra e no planalto de Piratininga  cultivou  primeiro vinhedo produtivo do país. Quem lhe indicou o local foi o Ramalho, genro do poderoso chefe indígena Tibiriçá, também conhecido como “senhor de Piratininga”. São essas as “fecundas vinhas paulistas” mencionadas pelo padre Simão de Vasconcelos no livro Crônica da Companhia de Jesus do Estado Do Brasil.

Os Jesuitas e o Brasil Colonia


Em 1549, os jesuítas chegaram ao Brasil, entre eles, o padre Manuel da Nóbrega que registra o efeito do clima na produtividade das parreiras que permitiam duas colheitas por ano – provavelmente, estaria falando de plantio de uvas no Nordeste, porque o jesuíta chefiava a primeira missão na Bahia.
Entretanto, com a implantação da vitivinicultura, embora rudimentar em São Paulo, no século XVI, os vinhos ali obtidos atendiam às necessidades dos religiosos.
Se no princípio, o vinho veio para missa e como remédio, ele viraria moeda forte e objeto de cobiça do desembarque de Martim Afonso, em 1532. Nesse período, o vinho está presente de norte a sul no dia-a-dia dos conquistadores, como elemento de celebração e ostentação, de poder e riqueza.
Em Pernambuco, a monocultura da cana-de-açúcar passou a imperar e era grande o consumo de aguardente de cana. Desde 1570, intensificou-se o tráfico de escravos negros, nessa região, para  ajudar na agricultura e na plantação de cana.
Nos engenhos, os senhores e suas famílias consumiam vinho vindo das regiões Norte e Nordeste da Colônia ou os que chegavam de Portugal e Espanha, estes objeto intenso de contrabando. Os senhores de engenho não permitiam aos negros e aos índios beberem vinho, só aguardente.
O primeiro comércio, estabelecido entre o planalto de Piratininga e o litoral da capitania de São Vicente, daria lugar a rotas cada vez mais longe, como as carnes da província de São Pedro, hoje,  Rio Grande do Sul para as Minas Gerais.
Além do trigo, o vinho tanto o que chegava em São Paulo quanto o dos parreirais plantados por Brás Cuba em São Vicente, era o segundo produto comercializado no Brasil.
A câmara de São Paulo, que era representante legal da Coroa Portuguesa, estabelecia os preços máximos e mínimos do vinho em circulação e tinha por obrigação recolher os impostos sobre a carne, o trigo, sal, azeite, vinagre e vinhos.
Leis sobre o vinho já existiam na Colônia e se tornaram mais rígidas na fase em que o Brasil virou território espanhol: o Período de União das Duas Coroas (Portugal e Espanha).
Como a taxação do vinho era muito alta, os comerciantes tomavam caminhos alternativos até chegar à vila de Piratininga e com isso bom percentual sobre os ganhos deixavam de ser recolhidos aos cofres públicos.
Nesta época, muito além de sua função alimentícia, o vinho era considerado o fármaco mais potente da época, o elixir mais popular, o símbolo de status mais evidente e o antiséptico mais eficaz.
Durante a ocupação holandesa no nordeste brasileiro, segundo Carlos Cabral, existiam vinhos regionais produzidos na ilha de Itamaracá, cuja viticultura teria sido iniciada por João Gonçalves nomeado capitão do local em 1542. O próprio príncipe  Nassau encantou-se com elas a ponto de mandar que as uvas integrassem o brasão de armas da ilha, por que em nenhum lugar do Brasil elas eram tão belas e suculentas. As vinhas e uvas da pequena ilha voltam a aparecer dois séculos depois, em 1837 num relato de George Gardner.
A presença da vinha e do vinho no período holandês está registrada em muitas fontes: artistas e escribas oficiais as Companhias das Índias Ocidentais, gente simples que fala da bebida em Recife, os enfermos que receberam o vinho quando foram atacados por escorbuto, etc.
No período da exploração do ouro em Minas, o vinho,  também, era comercializado, e apenas mais caro do que o vinho eram alguns tipos de escravos.

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