Vinhos Velhos da Bairrada: Longevidade e Classe


Há dias em que por mais esgotados que estejamos e por mais que desejamos ficar em casa, ir tornasse sine qua non e foi o que aconteceu quando recebemos o convite do produtor de vinhos da Bairrada Mário Sérgio, da Quinta das Bageiras - para um Jantar Vínico com Vinhos Velhos da Bairrada.

Mário Sérgio e os Vinhos da Quinta das Bágeiras
Uma incontornável figura dos vinhos da Bairrada e que merece a nossa visita sempre que passemos pela região. Provar os vinhos do Mário Sérgio é uma experiência marcante, eles ficam na memória e fazem-nos recordar aromas e sensações inigualáveis. São vinhos únicos, feitos de forma tradicional, sem colagens nem filtrações, mas cheios de carácter, mineralidade, pureza, autenticidade e a expressar  em plenitude o terroir da Bairrada.

Também não foi por acaso, que no passado 10 de Junho de 2014 (dia de Portugal e das Comunidades) foi condecorado pelo Presidente da República Portuguesa com a Medalha de Ordem de Mérito Empresarial - Classe de Mérito Agrícola (Comendador).



O Jantar Vínico: Vinhos da Bairrada, Longevidade e Classe
Cheguei poucos minutos antes da hora prevista, 19:00. Estávamos algo expectantes com a prova. Ter a oportunidade de provar aquele calibre de vinhos não é todos os dias e  analisar in situ a sua capacidade de envelhecimento era algo que tínhamos muita curiosidade.


Os vinhos em Prova:
Mário Sérgio Nuno selecionou da Garrafeira Particular de Zé Zé Colaço alguns vinhos tintos míticos da Bairrada, para um jantar que viria a ser único e inigualável. 
- Gonçalves Faria 1990 Especial Tonel 5****


- Valdarcos Garrafeira 1985 1ºPremio (Sidónio de Sousa)****

- Aliança Garrafeira 1970****


- Quinta da Dona 1997


- Quinta de Baixo Garrafeira 1992


- Casa de Saima Reserva 1995


- Quinta das Bágeiras 1995**** 


Antes de falar sobre os vinhos provados, convém frisar que um vinho velho, pode reservar-nos grandes experiências e surpresas. Ou por outro e,  no caso de já estar decaído  pode até dar um bom vinagre. que não foi o caso. todos os vinhos apresentavam uma grande qualidade e bom envelhecimento.
Quando iniciamos a viagem aromáticas por estes vinhos velhos encontramos,  um elemento comum a todos - a  força e pujança da juventude, que nos leva a pensar que foram vinhos austeros e bastante imponentes na sua juventude e que ainda pode aguentar alguns anos. São vinhos marcantes, com classe, complexos, com traços mais evoluídos e notas de aromas secundarios e terciários - notas de madeira, frutos secos, mel, couro, tosta, notas fumadas, tabaco, café, trufas...
Provar estes vinhos não foi só uma experiencia sensorial diferente, mas também cultural, e uma viagem no tempo... ouvir e imaginar a história de cada vinho e de cada produtor,  fez-me recordar a Geografia de Coimbra, lembrar-me das vinhas que visitei, meses antes na Bairrada (das diferentes exposições solares, sistemas de drenagem, diferentes tipos de solos, sistemas de condução das vinhas...), fez-me recuar no tempo e imaginar todo o trabalho, todas as mãos que trabalharam aqueles vinhos,  imaginar todas as histórias ocultas por detrás de cada rótulo....
São sem dúvida Grandes Vinhos.... só vinhos assim são capazes de proporcionar este tipo de experiência e transformar um momento em algo inesquecível...


O estimado amigo Urbano Cardoso dos Santos partilhou:


- Junta Nacional de Vinho - Concurso "O melhor vinho branco 1984" de António de Jesus Ferreira Cardoso.****

- Quinta da Gândara. Caves da Montanha. Branco 1960.


- Quinta das Bágeiras. Reserva Branco 2004.*** 


Nos brancos encontramos diferentes idades e, portanto diferentes personalidades. O reserva 2004  da Quinta das Bágeiras ainda a evidenciar grande juventude, frescura e mineralidadde e potencial de envelhecimento. O Quinta da Gândara de 1960, bem subtil e delicado já a demonstrar sinais de que lhe resta pouco tempo.
O Junta Nacional de Vinho - Melhor Branco 1984 bem interessante, com aromas mais suaves e evoluídos, com delicadas notas de mel, manteiga, baunilha, tostados e fumados.




A emoção e as expectativas eram tantas que começamos a decantar os vinhos e a provar, num ambiente bem descontraído, entre amigos e desconhecidos que acabamos por conhecer e criar amizade. O que afinal seria um jantar vínico acabou por se transformar numa prova vínica acompanhada por um jantar que viria a ser servido já por volta das 22 horas.
O jantar, no Restaurante a Roca, confeccionado pelo  proprietário Zé Zé Colaço estava delicioso num ambiente idílico, na Marginal da Praia de Mira.
Foram servidas várias entradas de enchidos, petingas e diferentes tipos de queijo harmonizados com um Espumante Brut da Quinta das Bágeiras.



Feijoada de Samus de Bacalhau

Naco de vitela com migas e batata a murro
Sobremesa Tarde Polar

Uma experiência inédita qualquer imagem ou palavra seria pouco para descrever toda esta enoexperiência...
Parabéns ao Mário Sergio, ao Zé Zé Colaço e o meu agradecimento especial pela experiência e aos que fizeram parte deste momento... Porque há vinhos e lugares que nos deixam uma agradável recordação e merecem ser partilhados....

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